terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Culpa

CULPA

Meus passeios poluem o mundo.
Para ler, gasto a luz de cidades inundadas.

A geladeira esburaca a camada de ozônio.
Banhos longos desertificam o planeta.

Para comer, beber, viver
gasto dinheiro (que nem ganhei).

Meus poemas
derrubam árvores.


Fabio Rocha

(do livro TUDO PELOS ARES)


Encontrei essa pérola na internet. Uma poesia de uma força incontida, que nos coage a refletirmos sobre o nosso cotidiano enfumaçado e poluído por nossa culpa exclusiva: o ser humano é o único animal que ao usufruir do meio o degrada. Há nesses versos uma reflexão simples, mas ao contrário do que se pensa, a simplicidade somente é alcançada pelos seres humanos grandiosos. Um exemplo: há obrigação mais simples do que amar e respeitar o próximo? Agora veja quem cumpre em completude tal mister (assumo a mea culpa: eu não o faço satisfatoriamente). É como a questão ambiental, tão óbvia, tão cotidiana, tão simples, mas eis as fábricas fabricando carros cada vez maiores e mais potentes (leia-se poluentes) e a propaganda incentivando a compra dos mesmos (e nós comprando)... Pensem em todo o lobbie das grandes petrolíferas para sufocar as ideias e pesquisas de combustíveis que são muitas vezes praticamente inofensivos ao ambiente. Todavia, eles têm um defeito inconciliável com o capitalismo hediondo: são baratos e o grito enfurecido e famito do lucro cala muitos pássaros que nunca mais voarão no céu por enquanto azul do nosso planeta. Calma, Humanidade, é só uma questão de tempo, a nossa hora chega.

Por fim, recomendo que visitem o site do autor da poesia supracitada: www.fabiorocha.com.br
É para mim umas das melhores vozes da poesia que nasce do solo do nosso tempo.


Murilo Miranda

Um comentário:

  1. Nossa, Murilo! Muito bom ver que meu poema te tocou e fez ir além dele no pensar! Obrigado pelo carinho.

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