terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ao Onipotente Poeta

Antes de todos os poetas, já havia um.
Ele não foi gerado, é o Pai do tempo.

Antes de todos os versos,
Os versos dele já habitavam a Terra
E pairavam sobre as águas que poluímos
Com a nossa ganância fétida.

A escrita dele reside em todo lugar,
Mas seu refúgio preferido é o ar:
Ao contrário de tantos e de mim,
Trata-se um poeta demasiadamente discreto.

Tudo que ele escreve é sutil e belo,
De forma que a perfeição é uma constante em sua Obra...
Isso tudo para ele ser ignorado por uma maioria ingrata
Que não sabe sequer reconhecer a verdadeira arte.

Ele tem dedicação exclusiva à poesia,
Diferente dos outros poetas que têm família e trabalho.
Na verdade, ele só faz duas coisas na vida:
Cria e ama.

Ele é só Criador...
Enquanto nós, os reles poetas
Somos criador e criatura
(o que faz da nossa poesia
infinitamente menor que a dele, posto que nossos versos
são meras criaturas da criatura).

Ele tem a mania incompreensível
De estar em todos os lugares ao mesmo tempo
E de insistentemente zelar de quem muito o despreza:
Eu inclusive.

Alguns colocaram nele um apelido estranho:

DEUS

... Eu prefiro chamá-lo carinhosamente
De Onipotente Poeta.


Murilo Miranda

Direitos autorais protegidos
(Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998)

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